segunda-feira, 16 de março de 2009

Buscas na Web – Exercício para o jornalismo (2)

A informação está ali, talvez até bem próxima. Mas para chegar concretamente até ela é preciso conduzir um caminho sem se desviar do foco. O leque de opções que se abre quando inicia-se uma busca na rede é gigante. De conteúdo publicado em sites de credibilidade reconhecida até posts em blogs de anônimos, passando por muito material predominantemente comercial. E isso lembrando que, segundo dados apresentados pelo pesquisador Rubens Queiroz de Almeida, os maiores indexadores, entre eles o Google, indexam apenas 16% da web.
O exercício proposto pelo Knight Center (leia mais no post anterior) confirma esse caráter abrangente da pesquisa na rede. Um caráter que não tira a importância do sistema como ferramenta de apoio para os jornalistas. Mas que deixa claro que o profissional à frente da pesquisa é quem precisa conduzir o trabalho. E que o resultado positivo só se confirma se o jornalista souber diferenciar o que pode e não pode aproveitar.
A credibilidade das informações deve ser a principal preocupação neste tipo de pesquisa. O ideal seria que a busca garantisse fontes e contatos para que o repórter fosse atrás das informações procuradas. Esperar encontrar na rede os dados prontos para serem utilizados numa reportagem é reflexo de uma postura, no mínimo, acomodada e arriscada. Até nos sites oficiais, de governos e empresas, é válida, sempre que possível, a oportunidade de confirmar os dados que aparecem no site por meio de um contato oficial com a determinada fonte.
Ao iniciar uma pesquisa, o jornalista pode se perder num labirinto logo de cara. O exercício praticado aqui comprova isso. A presença de conteúdo diversificado era uma certeza. Mas uma diversidade tão grande considerando apenas as primeiras cinco respostas das pesquisas realizadas nos oito sites não deixa de surpreender.
O termo testado foi cura do stress. A campeã de respostas foi uma crônica postada num blog em 2005, que aparece nas primeiras respostas do Google, do Yahoo!, do Altavista e do Radar UOL. Com o mesmo número de ocorrências, está uma animação, que aparece duas vezes em link do YouTube e duas vezes em outro site que armazena vídeos.
Encontramos muito conteúdo comercial, sendo que no Radar UOL aparece junto ao resultado da busca, a opção por cinco links patrocinados que têm ligação ao conteúdo.
Quase todos os sites de busca trouxeram alguma resposta inédita em relação aos demais. A coincidência maior fica por conta do Google e do Radar UOL, que apresentaram exatamente as mesmas cinco ocorrências.
Outro ponto que merece ser destacado é o fato de, entre vendas de produtos e divulgação de técnicas alternativas, são minoria as respostas que trazem a opções de tratamento do stress como questão de saúde. Mas reconhecemos que, no caso de elaboração de uma reportagem sobre o problema do stress na sociedade moderna, um apoio também é encontrado já nas primeiras respostas, embora com menor frequência.
Ou seja, a experiência tirada deste exercício confirma a utilidade prática dos serviços de busca, mas não isenta nem minimiza a necessidade do jornalista ser sempre seletivo e responsável no processo de pesquisa, um processo que deve ser encarado como uma complementação para a elaboração da pauta e até para a apuração. Mas não a ferramenta que direciona a reportagem.

P.S. – Como bônus, publico aqui o tal vídeo que apareceu quatro vezes como uma das principais respostas na busca pela cura do stress. Se cura, não sei, mas diverte...
Encontramos o material postado por Bernie Alexander, que acreditamos ser o autor da animação.


2 comentários:

  1. Até tu brutos? Bom ver você por aqui também, não tenho blog, mas adoro lê-los.

    Abraço lenzi.

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  2. Oi Alexandre,
    Teu blog está excelente. Temas bem enfocados e bem desenvolvidos, com incorporação de informação nova e interpretação pessoal. É o que um blog precisa para ser atraente a leitores desconhecidos. O único problema que vejo é formal. O teu texto ainda guarda uma forte influencia do texto para jornal, o que é natural. Num blog, o ideal é você dar espaço duplo entre um paragrafo e outro para não dar a impressão de bloco compacto, que muitas vezes assusta o visitante. Outra coisa, procure sempre textos mais curtos (até 25 linhas) e se for o caso divida o texto em blocos em postagens diferentes. Isto oferece a vantagem de não cansar o leitor, diversificar o material oferecendo entradas diferentes e já te inicia na montagem de uma narrativa não linear, que vai ser muito importante em projetos multimidia.
    Parabéns, está muito bom o teu começo
    Abraço
    Castilho

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